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Por Paula Eduardo
Olhávamos para o passado, não tão longínquo, com uma espécie de saudosismo hereditário de quem não sabe decidir se anseia ou só admira."Diretas Já! São uma verdadeira revolução". Frases como essa permearam pensamentos à respeito da política no país, parecia algo único, de outra geração, dos livros de história, afinal, os jovens estão alienados e com tanta tecnologia e seus aparatos cada vez mais modernos, estava praticamente decretado que ninguém mais liga para nada.
Eis que, nas eleições de 2012, as redes sociais assumem um papel de insatisfação e apoio de preferências políticas, nas atualizações de "status" em sua grande maioria não se via pessoas (principalmente jovens como eu), escrevendo sobre sentimentos ou atitudes banais como ir ao bairro tal com fulano e ciclana.
Depois do desfecho das eleições, do resultado do segundo turno, havia ainda uma atmosfera diferente, os comentários diminuíram mas não subitamente. Todos sabiam que uma das medidas dos novos governantes seria o aumento no valor das passagens de ônibus, mas muita gente não estava disposta a pagar o preço, literalmente.
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O mês era junho de 2013, as novas tarifas já estavam com data marcada para entrarem em vigor, o burburinho na internet ganhava maior proporção, e então, nas capitais do Brasil surgiram as manifestações, com data, hora e local marcado. A medida em que o dia da nova tarifa seria cobrada se aproximava, protestos aconteciam em todo o país, reunindo mais pessoas, de todas as idades e de diferentes classes sociais.
O Brasil, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, estava sendo noticiado no mundo todo, eram divulgados atos de "vandalismo" (palavra essa que, acredito eu, que nunca foi tão usada antes na TV).
Dia 21, foi um dos mais marcantes, foi quando milhares de pessoas com cartazes e gritos, que deixavam explícitos pedidos de todos os tipos, preencheram as ruas do centro do Rio de Janeiro sendo contidas pela polícia de maneira enérgica (ah, os eufemismos... sempre se fazem presentes nessas "situações").
Pois bem, depois da efetiva cobrança da passagem, o governo retrocedeu. Quer dizer, ao menos o preço anterior é que voltou a ser cobrado. Esse fato, fez aqueles que tentavam se manter um tanto quanto descrentes ao que estava acontecendo, ficarem surpreendentemente esperançosos.
Com toda a certeza, haverá imagens emocionantes nas retrospectivas de fim de ano, mas sem querer cortar o clima (já cortando), o que o povo vai fazer de agora em diante?
Revolução: "movimento súbito e generalizado, de caráter social e político, por meio do qual uma grande parte do povo procura conquistar pela força o governo do país, a fim de dar-lhe outra direção" (definição do dicionário Michaelis).
Contudo, gostaria mesmo de saber se "a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor", passou?!
Ótimo texto, bem escrito e boas referências históricas e culturais (música).
ResponderExcluirAlexandra
Que bom que gostou, obrigada!
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